Há mais de quatro anos que Portugal venceu o Festival Eurovisão da Canção (ESC) em 2017, com Salvador Sobral e o tema Amar Pelos Dois num momento inesquecível não só para os fãs, como também para a equipa da RTP envolvida.
A chefe de delegação na altura já era Carla Bugalho, que recentemente recordou no debate da RTVE Eurovision, El festival que quieres a participação em 2017. Começou por afirmar: “Com o Salvador tudo foi um pouco diferente do que tínhamos visto em anos anteriores e do que vimos em anos posteriores. Como se sabe, tivemos um problema com a saúde dele e tivemos de manter as coisas o mais simples possível”.
Segundo a responsável da RTP, desde o primeiro momento que se delineou que o foco tinha de estar na música, voz e atuação: “Foi também desejo dele e da irmã Luísa, que era a compositora, não complicar as coisas, focarem-se na canção e na voz dele. Claro, a música é o mais importante, é o que deve de tocar o coração dos espectadores. Por isso, toda a atuação foi preparada com isto em mente: focar na canção e focar na forma única e especial dele interpretar na canção. Para ser honesta, não pensávamos que fôssemos ganhar porque nunca tínhamos ganho antes: 53 anos de participação são muitos, mais de meio século. Percebemos que tínhamos de manter as coisas simples, tudo tinha de ser simples, também para diferenciar um pouco a nossa apresentação das restantes. Porque, por vezes, as coisas complicam um pouco. Nós queríamos que os espectadores se focassem na canção”.
Carla Bugalho admitiu que não se podia antecipar qual era a reação, que foi surpreendente com o silêncio da audiência contrastante com o habitual ruído no ESC: “Lá estava ele sozinho perto do público, num palco pequeno, com os bosques que pareciam tirados de um livro de contos, quase sem luz, para que os espectadores se focassem nele, na canção, na voz dele. Foi a nossa estratégia, porque pensávamos que já era tudo suficientemente especial. Não sabíamos como a Europa e o mundo ia reagir. Sabemos que o público não se cala na Eurovisão, está animado. Quando começaram os primeiros acordes, fez-se silêncio. O público deixou de fazer barulho porque queria prestar atenção. E isto dava arrepios, porque na Eurovisão nunca há silêncio. E entendemos que isto era verdadeiramente especial, isto não era normal. Pode dizer-se que o permitiu concentrar-se e dar tudo”.
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