A única banda participante como intérprete no Festival RTP da Canção deste ano são os Madrepaz. O grupo constituído por João Barreiros, Nuno Canina, Pedro da Rosa e Ricardo Amaral foi a convidada do compositor Frankie Chavez para interpretar Mundo A Mudar, com letra de Pedro Puppe. Atuarão na segunda semifinal a 23 de fevereiro.
O e-FestivalPT entrevistou em exclusivo os Madrepaz, que responderam através do porta-voz Pedro da Rosa, numa entrevista em que poderá conhecer melhor o grupo e também as suas perspetivas para o certame. Apresentamos, de seguida, a entrevista.
e-FestivalPT (e-FPT): Para começar, falemos do percurso dos Madrepaz – como é que surge, como se define musicalmente, quais foram os maiores marcos até agora?
Madrepaz/Pedro da Rosa (MP/PdR): “Os Madrepaz são a consequência natural de quatro músicos que se cruzaram em outras bandas (como os Golpes ou a Armada) ou nas escolas de música por onde passaram (como a ESML ou o Hot Club). Juntou-nos uma percepção muito clara e compatível do que pretendíamos ao fazer música, e que passa por abordar a música como uma terapia intelectual, emocional e até mesmo física.
Musicalmente, a nossa preocupação é atingir aquilo que consideramos ‘beleza’, que é uma definição bastante subjectiva e dependente de cada pessoa, mas para nós é consensual e sai-nos com bastante naturalidade.
Existem muitos momentos que dificilmente esqueceremos. Talvez possa destacar os nossos ‘exílios’ para o campo onde compusemos os nossos dois discos, os dias em que os editamos e muitos momentos em palco ao ver a reacção das pessoas à nossa frente. Esses momentos são muito especiais porque a energia é devolvida, como que reciclada, e nos dá muito alento para fazer mais música”.
e-FPT: Porquê a designação ‘pop xamânico português’ da vossa música?
MP/PdR: “Tendo em conta que ouvimos e gostamos de estudar uma paleta de música muito extensa e diferente, a música que fazemos soa-nos a uma identidade muito própria. Por outro lado, temos uma ligação à natureza muito forte. Na brincadeira começámos-lhe a chamar Pop Xamânico Português, e parece ter pegado”.
e-FPT: O vosso símbolo é uma libelinha. O que representa? Tem mais relação com a vossa música ou mais com as vossas personalidades?
MP/PdR: “Começou com um conto que apanhámos por acaso num livro antigo onde a libelinha representava a ilusão. Por outro lado, a libelinha precisa de quatro asas para voar. Esta imagem representa bem a maneira como encaramos o papel de cada um dos quatro na banda. Quando começámos não havia grande coisa para escrever na nossa biografia do Facebook e usámos o conto da Libelinha. Por ainda ser adequado, ainda lá está”.
e-FPT: Os Madrepaz foram convidados por um dos grandes nomes da música nacional, Frankie Chavez. Como surgiu o convite?
MP/PdR: “Há uma história curiosa por detrás da nossa participação. A reforma de 2017 trouxe novo ânimo e esperança ao Festival da Canção, e rapidamente ficámos desejosos de receber um convite para escrever uma canção de propósito para o Festival. De tal maneira que nos motivou a escrever a canção Já Agora Aproveito. Os prazos passaram e acabámos por editá-la no nosso último disco, Bonanza. Assim que o disco saiu, recebemos o convite pelo Pedro Puppe, que escreveu a letra da canção e de quem somos amigos há muitos anos. A vontade estava certa, mas não seria como compositores que iríamos ao Festival… vamos como intérpretes”.
e-FPT: Tiveram de sair da vossa zona de conforto para interpretar Mundo a Mudar?
MP/PdR: “Nós não sentimos que tenhamos propriamente uma zona de conforto. Temos o costume de tocar todo o tipo de música, e de fazer versões e covers de músicas que gostamos, embora estes exercícios não sejam editados. O convite do Frankie Chavez e do Pedro Puppe foi feito em consciência de que antes de sermos intérpretes, somos compositores. Então houve todo um trabalho em equipa de adaptação da canção para o pudéssemos interpretar com o máximo de conforto”.
e-FPT: Falando da canção em si: qual é a mensagem que pretende passar?
MP/PdR: “Pretende passar uma mensagem de resistência e de apelo à união, tendo em conta as mudanças políticas e sociais que estão a acontecer no mundo, assustadoramente contrastantes com os valores da igualdade, liberdade, da democracia e da paz, com os quais nos identificamos”.
e-FPT: Quais são as vossas expectativas para a sua participação no Festival RTP da Canção? E quem considera serem os maiores candidatos entre os 16?
MP/PdR: “Vamos com a expectativa de criar um momento bonito de televisão e de mostrarmos um trabalho de equipa feito com muito brio, que nos deixou muito orgulhosos. Gostamos muito da canção Perfeito e da voz do Matay”.
e-FPT: São a única banda no Festival RTP da Canção deste ano no que respeita a intérpretes. Acreditam que faria falta um maior ‘equilíbrio’ entre intérpretes individuais e grupos?
MP/PdR: “Hoje em dia a tendência nacional parece ser menos bandas e cada vez mais cantaurores. Certamente por ser muito difícil manter uma banda durante muito tempo. Talvez esse desequilíbrio entre intérpretes individuais e grupos seja consequência dessa tendência. No nosso caso, somos fãs dos Beatles e a temos a referência dos ABBA como um grande marco da Eurovisão. Como tal sempre nos agradou muito a ideia de uma banda poder representar um país com uma canção. Esperamos que sermos a única banda no Festival da Canção deste ano abra caminho a que mais bandas sejam convidadas para compor ou a que mais compositores considerem convidar bandas para interpretar as suas canções.
e-FPT: Por último, complete a frase: “Participar no Festival Eurovisão da Canção por Portugal seria…”
MP/PdR: “…um orgulho muito grande. Mas participar no Festival da Canção já é uma boa história para contar aos nossos filhos”.
Conheça ou recorde Mundo A Mudar, a canção que os Madrepaz vão defender no Festival RTP da Canção deste ano.
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