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HISTÓRIA/Festival da Canção, um espelho de história do povo luso – Parte 2

HISTÓRIA/Festival da Canção, um espelho de história do povo luso – Parte 2 Imagem: Captura de ecrã RTP
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Na parte dois da rubrica de História «Festival da Canção, um espelho de história do povo luso», trazemos o tema: Do auge do Festival ao seu definhamento na viragem do século.

Num Portugal pós 25 de Abril, democrático e livre de censura, o Festival da Canção (FC) ganha mais notoriedade e dimensão. Afirma-se como o palco principal da música no país. O país passa a ter canções mais arrojadas e alinha-se com o estilo visto lá fora, principalmente com os anos 1980 e 1990. Artistas que foram considerados estarem à frente do seu tempo. Grupos que trouxeram outro dinamismo. As modas, roupa, cabelos, tendências de cores afirmavam-se também neste palco do festival.

Ainda assim, o resto dos anos 1970 continuaram a ser maus para o país no Festival Eurovisão da Canção (ESC), porém em 1979 consegue pela terceira vez um resultado dentro do top dez com Sobe, Sobe, Balão Sobe na voz de Manuela Bravo a alcançar o nono lugar.

 

Diria que isso impulsionou ainda mais o FC como palco central. Juntando a isso uma vez mais, o facto de o FC marcar a história do povo luso ao ser o primeiro programa a ser transmitido a cores pela televisão em 1980. José Cid com o seu Um Grande, Grande Amor consegue nesse ano no ESC igualar o melhor resultado do país até então, sétimo lugar e leva uma canção com refrão multilingue. Mas durou pouco e as participações lusas voltam para resultados modestos e menores lá fora.

Porém, para consumo interno o FC ganhou cada vez mais, mais no querer participar, fazer parte e mais que isso ganhá-lo. Assiste-se inclusive a várias canções que não ganhando ficam e marcam, tocam nas rádios, os seus cantores e compositores ganham notoriedade. Nos anos 1980 e início dos 1990 e com o surgimento de outros concursos musicais e as televisões privadas, o FC nunca perde o ênfase central e de que muitos quererem lá chegar, brilhar e daí saírem com lançamento para as suas carreiras.

A década de 90 traz ao país dos melhores resultados no ESC. E apesar de nunca deslumbrar o pódio, ficará para sempre marcante a Lusitana Paixão de Dulce Pontes. Decorria o ano de 1991 e num ESC renhido, esta canção com tanta alma lusitana singrou e é mais uma das artistas que conseguiu uma carreira mundial aplaudida lá fora. Curiosamente o fado que várias vezes é dito na letra desta canção e hoje esse estilo musical português é Património Cultural e Imaterial da Humanidade, nunca na sua mais pura essência foi a concurso no palco eurovisivo.

Na mesma década, em 1994 a promissora Sara Tavares consegue novamente um oitavo lugar e em 1996, completamente fora das expetativas, Lúcia Moniz com O Meu Coração Não Tem Cor consegue o melhor resultado de sempre ao ficar em sexto lugar. Num ano peculiar no ESC com uma pré-seleção que excluiu países da final do concurso, Portugal passou essa seleção e com uma canção muito étnica e com seus costumes, levando o cavaquinho, consegue esse sexto lugar, o melhor durante os 20 anos seguintes.

 

Curiosamente no ano seguinte o país teve zero pontos acabando em último. Talvez o pontapé de saída para o definhar do FC. A concorrência cada vez maior das televisões privadas e de uma maior oferta, aliados a um início decrescente da aposta da televisão pública RTP no seu FC, puseram o país de fora do ESC logo no início do século XXI.

 

A Europa também ela muda com a entrada no certame do bloco balcânico de países emergentes da ex-Jugoslávia e da ex-União Soviética. O novo século traz mudanças profundas nas regras e organização do próprio ESC. E também o FC espelho da história do povo luso sofre transformações e entra em fase de declínio, que será abordado na terceira parte destes artigos sobre a história do FC e de Portugal no ESC.

Sobre o autor

Ricardo Dias

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