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HISTÓRIA/Festival da Canção, um espelho de história do povo luso – Parte 3: O declínio no início do século XXI

HISTÓRIA/Festival da Canção, um espelho de história do povo luso – Parte 3: O declínio no início do século XXI Imagem: Captura de ecrã RTP
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Avançamos para a terceira parte da rubrica de História «Festival da Canção, um espelho de história do povo luso», e para o virar de século com o tema: O declínio do Festival da Canção no início do século XXI.

O início do século XXI trouxe várias e profundas transformações quer no Festival da Canção (FC) quer no Festival Eurovisão da Canção (ESC). O FC, que até então tinha sido o palco principal da música em Portugal torna-se completamente renegado para o (quase) total desinteresse. Mergulha numa decadência em que pouco ficará para a história das canções e daqueles que representaram Portugal durante o início da década 00.

Por outro lado o ESC também viu-se a braços com entrada de novos países vindos do bloco da ex-Jugoslávia e ex-União Soviética, com regras que punham países com maus resultados de fora dando vaga a outros na final. Por isso, Portugal fica de fora logo no ano 2000. Mais tarde recusa participar em 2002, dando assim a vaga à Letónia, que curiosamente ganha o ESC desse ano. A RTP não organiza o próprio FC pela primeira vez nesse ano de 2002. Outros programas de música com outros formatos se impunham e a concorrência das televisões privadas tornou-se tal que entrou na equação a «guerra das audiências».

 

Com tudo isto afastaram-se artistas, compositores, letristas do FC. A RTP decide não organizar o FC consecutivamente, fazendo seleções internas fechadas nos anos seguintes. Em 2003, Rita Guerra é convidada pela RTP e de entre três canções, o público escolheu uma para a artista levar ao ESC. No ano seguinte 2004, a RTP leva a vencedora da Operação Triunfo desse ano como escolhida para representar Portugal. Depois em 2015 é internamente formado o grupo 2B para a representação lusa.

Entretanto o cada vez crescente número de países a participarem no ESC implicou a instauração de uma semifinal entre os anos 2004 e 2007, estando presentes sempre na final o grupo dos ‘Big Four’ e o anfitrião. Em todas estas semifinais Portugal falhou o apuramento para a final. Demérito das participações portuguesas mas também do elevado compadrio do voto em blocos. O FC só volta em 2006 com novo formato e moderadamente adaptado à realidade do televoto e da internet. O ano de 2007 ficará para a história do ESC como a semifinal mais disputada de sempre com 28 países a disputarem apenas dez lugares para a final. Nesse ano Sabrina interpreta Dança Comigo (Vem Ser Feliz) em multilingue e acaba no 11.º lugar a apenas três pontos da passagem à final.

Um novo fôlego trouxe ao FC quando Portugal finalmente consegue apurar-se para a Grande Final em 2008. A partir desse ano o ESC passa a ter duas semifinais e logo nesse 2008, Vânia Fernandes com Senhora do Mar (Negras Águas) fica em 13º lugar na final. A canção passa à Grande Final em segundo lugar na semifinal onde esteve presente, com um recorde até então para Portugal em pontos. Seguem-se mais dois anos de bons resultados, não porque o país ficasse perto da vitória, mas porque atinge a final do ESC. Em 2010 o FC é dos mais concorridos de sempre e é aberto a qualquer um que queira concorrer, tem duas semifinais e tem uma produção digna de um ESC, com os espetáculos a decorrer num renovado Campo Pequeno em Lisboa com imenso público a assistir ao vivo novamente.

Mas tudo o vento levou rapidamente e o espelho de um país em crise e com intervenção externa levou logo em 2011 a um péssimo resultado com o público português a levar ao palco do ESC uma proposta musical de puro protesto. O FC de onde saíram os Homens da Luta em 2011 representa esse espelho de um momento da história coletiva, em que o protesto queria-se ouvir contra as políticas impostas pelo Governo e pela Europa. Aqui chegados a uma nova década o país conseguirá singrar no ESC para saber na quarta parte deste conjunto de artigos sobre a história do FC e de Portugal no ESC.

Sobre o autor

Ricardo Dias

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