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HISTÓRIA: Portugal estreou-se na Eurovisão há 55 anos

HISTÓRIA: Portugal estreou-se na Eurovisão há 55 anos Imagem: Captura de ecrã RTP
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Completam-se esta quinta-feira 55 anos da estreia de Portugal no Festival Eurovisão da Canção (ESC). A primeira participação lusa aconteceu no ano de 1964, ano em que o certame decorreu em Copenhaga, capital da Dinamarca.

O responsável por defender Portugal nessa edição foi António Calvário, com o tema Oração.  A composição foi de João Nobre, enquanto a letra ficou a cargo de Francisco Nicholson e Rogério Bracinha.

O percurso teve início no 1.º Grande Prémio televisão da Canção, que se realizou cerca de um mês e meio antes a 2 de fevereiro nos estúdios do Lumiar, em Lisboa. Participaram seis artistas, cada um com duas canções e Tavares Belo dirigiu a orquestra.

No certame português, António Calvário somou um total de 79 pontos do júri distrital graças à canção Oração (participou também com Para cantar Portugal). Ficou com mais 24 pontos do que Guilherme Kjölner e o tema Lindo par, sendo Simone de Oliveira a terceira classificada com Olhos nos olhos.

Ganho o Grande Prémio televisão da Canção, seguiu-se a participação no ESC, que em 1964 aconteceu no Tivolis Koncertsal em Copenhaga. A apresentadora foi Lotte Wæver e a orquestra foi a Grand Prix Orchestra dirigida pelo maestro Kai Mortensen (no caso de Portugal).

Nesta edição (uma das duas das quais não sobreviveram nenhumas filmagens) foi estreado um novo sistema de votação em que cada país tinha dez jurados, com cada júri nacional a ter nove votos para atribuir. A pontuação máxima seria por isso nove pontos se uma canção recebesse todos os voos de um júri, mas como nenhuma recolheu tal unanimidade as pontuações máximas foram todas de cinco pontos.

Por estes dias muito se tem falado em política devido aos apelos de boicote ao ESC 2019 por ser em Israel, mas a edição de 1964 é prova que a política já influencia o certame há muito: depois da atuação da Suíça, um homem invadiu o palco com um cartaz em que estava escrito ‘Boycott Franco & Salazar’ – em protesto contra as participações de Espanha e Portugal, que tinham esses dois ditadores a governar os seus destinos há várias décadas.

Consequência ou não da ditadura do Estado Novo e das impressões estrangeiras sobre a mesma e a Guerra Colonial, a verdade é que o resultado de Portugal na estreia foi amargo. António Calvário foi o 11.º a atuar e terminou no grupo dos últimos classificados sem qualquer ponto. A vitória, essa, foi de Itália, com Gigliola Cinquetti a cantar Non ho l’età para bater por 32 pontos Matt Monro – representante do Reino Unido com a canção I Love the Little Things.

Assim foi, em traços gerais, a primeira edição do ESC em que Portugal participou. Seguir-se-iam, até ao momento, outras 49 participações, cujo ponto alto foi naturalmente a vitória de Salvador Sobral em 2017 que quebrou uma série de várias décadas que foram maioritariamente de resultados modestos – ainda que só por quatro vezes o participante português tenha encerrado a tabela, não contando com as oito finais falhadas entre 2004 e 2015.

Esta foi a atuação de António Calvário no ESC 1964, no registo de áudio que sobreviveu até aos dias de hoje.

Sobre o autor

Bernardo Matias

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