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OPINIÃO: À terceira, foi de vez: Triunfo de França no JESC 2020!

OPINIÃO: À terceira, foi de vez: Triunfo de França no JESC 2020! Créditos da imagem: Nathalie Guyon
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A 17.ª edição do Festival Eurovisão da Canção Júnior (JESC) decorreu mesmo num ano marcado pela pandemia. No início da década passada este festival passou por um declínio, refletindo-se em 2012 e 2013 com o menor número de países a concurso, que por coincidência, ironia ou forçado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU) este ano a não diminuir esse número, ou seja, 12 participantes. A partir de 2014, e com o pedido da EBU para alterar e dinamizarem este festival, foi sempre a progredir e passou-se a assistir a cada vez mais atuações que bem poderiam ir para a Eurovisão, assim como os ‘stagings’.

Ora, o JESC adaptou-se às circunstâncias em que o mundo vive agora e as atuações foram pré-gravadas, grande parte num estúdio de televisão do próprio canal representante desse país. Contando com uma supervisão apertada da organização, foram eficazes com as atuações com um quase ‘staging’, semelhante em todas elas. Um dos cenários colocados para o Festival Eurovisão da Canção (ESC) 2021 é fazer o mesmo que este JESC, e no fundo me parece que a EBU fez aqui uma espécie de teste.

O espetáculo de duas horas foi conduzido em direto através dos estúdios do canal anfitrião. Foi uma boa emissão, globalmente muito bem conseguida. De realçar o tema #MovetheWorld e os ‘postcards’ antes de cada atuação. Aliás, pelo segundo ano consecutivo a Polónia presenteia-nos com bons espetáculos. Um apontamento para o momento mais fraco (e diga-se desnecessário) do vencedor do ESC 2019 em holograma a interpretar a sua canção com as duas polacas que estavam em direto no estúdio.

Mas passemos às atuações e começando pela sua ordem de apresentação.

A Alemanha fez a sua estreia no JESC. Foi muito bem defendida e conseguida aquela proposta Stronger With You, muito bem a intérprete Susan, mas no final foi esquecível e previsível um dos últimos lugares.

 

O Cazaquistão veio novamente com uma proposta muito pesada para este concurso. O tema Forever , a cenografia, a interpretação… e aquela elevação da intérprete Karakat Bashanova, remete isto para o ESC e não para o JESC. O país quer vencer e continua apostando forte, mas demasiado o segundo lugar para este tipo de concurso e mesmo outras canções.

Logo a seguir pelo oposto tivemos os Países Baixos que continuam com estilo bem direcionado ao JESC. A canção Best Friends e o grupo Unity mostrando que os melhores amigos mesmo à distância por causa da pandemia não se separam. Merecia um lugar no pódio.

Uma bonita balada que a Sérvia trouxe, Heartbeat… e que ficou em penúltimo lugar merecia mais. Muito boa prestação vocal do intérprete Petar Aničić, mas faltou ali algum carisma ou à-vontade para as câmaras.

Com um tema que leva ao imaginário de pequeno e graúdos, Aliens foi uma entrada com muita coisa a acontecer e algo confusa. Cantada por Arina Pehtereva, ficou à frente de outras que foram melhores que esta atuação da Bielorrússia.

No alinhamento tivemos depois o país anfitrião, e contrariamente aos dois anos anteriores dando-lhes deu a vitória, a proposta da Polónia deste ano foi uma espécie de pop soft com a intérprete Ala Tracz fixa no palco. I’ll Be Standing ficou para mim bastante esquecível.

A Geórgia já apostou melhor no JESC, levando como mote também a pandemia e pondo mesmo as bailarinas a usarem aquela venda na boca. Com interpretação de Sandra Gadelia, You Are Not Alone teve uma boa entrada ainda assim e o lugar conquistado na tabela classificativa justo.

Malta é um dos países que já teve melhor e deu mais pelo JESC. Este ano merecia um melhor lugar, com Chasing Sunsets: uma balada muito bem conseguida de Chanel Monseigneur com o cenário muito bem conseguido. Uma nota para a predominância do vermelho, quase repetindo a indumentária da intérprete polaca.

A Rússia trouxe na sua canção, My New Day, como se um conto de fadas se tratasse musicalmente. Foi bom e fica-se por aí. Lugar classificativo aceitável. A intérprete, recorde-se, foi Sofia Feskova.

Uma das favoritas à vitória, achei que tinha a música um quanto acima daquilo que o seu vocal atingia. Espanha regressou no ano passado e é outro país interessado em ganhar o JESC, trazendo nesta proposta etnia vincada. Este ano apostou em Palante, de Soleá. Não lhe daria o terceiro lugar.

Com um timbre peculiar o intérprete da Ucrânia, Oleksandr Balabanov, esteve sozinho em palco com uma esfera de luz. Faltou ali algo mais do que isso para que a entrada ucraniana brilhasse mais alto. Por mim ficaria nos últimos lugares. A canção foi Vidkryvai (Open Up).

Eis que chegamos à última canção com a França. Com muita cor e um fundo com grafismos de monumentos dos países a concurso e ainda bailarinos, poderia ofuscar a atuação da intérprete Valentina, mas não. Tudo funcionou harmoniosamente. E com um toque de magia, J’Imagine triunfou. Tanto queria que à terceira foi mesmo de vez!

Assim, os últimos ficaram em primeiro e vice-versa num sistema de votação do público que deixa a desejar, mas que segundo a organização foi o JESC mais votado de sempre. E ao contrário do que alguns afirmam, que o método permite a países com mais habitantes ficarem sempre no cimo, este JESC demonstrou que isso não é linear.

As considerações finais vão para uma vitória justíssima de França e uma nota muito positiva para a organização polaca no panorama atual. Para o ano o JESC voa para França esperando que muitos países regressem ao certame e que assim haja mais magia!

Sobre o autor

Ricardo Dias

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